segunda-feira, 30 de abril de 2012

As luzes da cidade

Quando percebi já era noite e eu não conseguia mais te enxergar.
Tua pele, mesmo branca, não fez com que eu te achasse, ela parecia não querer te mostrar.
Rapidamente senti o chão com os pés e procurei o guia de cegos na calçada para que eles pudessem me levar até você. Foi em vão.
Gritei teu nome, andei devagar movimentando meus braços ao redor para talvez te encontrar com as mãos, mas a linguagem , quase um braile, escrita no teu braço - aquela que tu tanto odiava e eu adorava ler - não existia mais.
Então, com medo da resposta, sussurrei perguntando:
-Amor, quem desligou as luzes da nossa cidade? eu estou com medo!
Quando já amanhecia e eu continuava a caminhar criei coragem de gritar e novamente perguntar. Você já estava distante e inalcançável, me ouviu e respondeu:
-As luzes da nossa cidade não foram apagadas. As lâmpadas que estão todas queimadas, meu bem!

domingo, 29 de abril de 2012

o nosso mundo

Os nossos erros
Seriam apagados
Nossos primeiros desejos
Ressuscitados
E de novo eu voltaria no tempo

Eu não te deixaria desistir tão fácil
E não te negaria nenhum abraço
De novo
Eu voltaria no tempo

E a gente fez
Nosso futuro
Quase quebrando
O nosso mundo... ♫

quinta-feira, 26 de abril de 2012

Leite longa vida


Resolveu ser um gato.
Acordou de manhã mais cedo que o normal, se espreguiçou e levemente esfregou o corpo pela cama ronronando.
Afiou as unhas no sofá, tomou uma tigela de leite e deixou o bigodinho branco.
Saiu de casa com passos magistrais e de cabeça erguida se jogou em frente de um carro.
Hoje pôde morrer, já que agora ele tinha mais 6 vidas para enfrentar os dias ruins.

segunda-feira, 23 de abril de 2012

27 anos, sorriso rasgado, peito pouco cabeludo, cabelo pouco arrumado.
22 anos, sorriso disfarçado, seios pouco volumosos, cabelo longo e cacheado.
o impulso ainda pulsa!

domingo, 22 de abril de 2012

a última!

o que feriu não foi a indecisão, a tua cobrança por completude, teu descaso de não me fazer feliz no meu aniversário.
o que machucou não foi a depressão, nem teus dias tristes, tuas paranoias.
não foi tão pouco aquelas brigas, o teu silêncio, a tua falta de paciência comigo.
o que fudeu não foi tuas traições, teu sexo noutro sexo longe do meu, tuas comparações dela(s) comigo, tua decisão rápida após minha partida.
o que me derrotou foi tu teres sido tão cru nos sentimentos, me fazer tão feliz, amar da forma mais verdadeira e se contentar com isso resolvendo ir embora de dentro de mim.

constatações repetidas por 14 dias

os outros dias foram tristes
e os que virão serão também
mas hoje, o que importa é que hoje nada me fez chorar.

"o mundo se acabando e você tomando coca-cola, seu filho da puta!"

e toda vez que ele entrava na sala dela sabia o que ia encontrar.
Aquela previsão nunca fez mal a ele, o abraço apertado, o pulo no seu colo, um monte de beijos em sua face, ela explodia só de saber que ele estava ali pronto para amá-la.
Dessa vez nada tinha a ver com carência, é porque ela sabia exatamente que ele tinha chegado em um momento que existia até amor de outro.
Chegou e chegou bem, não foi daquelas chegadas mansas, pedindo permissão, nem se quer falando 'licença, preciso entrar a-go-ra'.
Sua chegada foi espalhafatosa igual como era a moça.
Diferente das outras histórias onde nunca sabia porque certos caras tinham aparecido na vida dela (o questionamento era no momento presente que eles estavam), ela sabia exatamente porque ele se distraiu no texto e do palco viu a doce menina olhando encantada por ele.
Sabia a Doce que não se tratava da iluminação, do som, das cortinas do teatro, aquele rapaz que representava tão bem um retrato abstrato de um dramaturgo louco se distraiu nos olhos da moça com os olhos vibrantes.
Suas mãos suavam, e ela notou que ele havia errado. Ninguém mais notou, talvez o erro tenha sido só para os dois, um erro seguido de um acerto, de duas almas juntas no camarim, onde ela sem titubear foi cumprimentá-lo.
Agora era assim que eles se viam, sempre envolto dos mistérios do teatro onde ela sempre quis estar... e a sala que ele entrava, já prevendo o que aconteceria, era a sala onde ninguém nunca ousou entrar, por medo puro medo.
O rapaz entrou espalhafatosamente, não querendo saber o que tinha atrás da porta pulou a janela sem nem se quer bater, sem receio nenhum de ao menos encontrar o monstro do medo de amar.

terça-feira, 17 de abril de 2012

nossa primeira crise

-Fecha a porta da geladeira direito, por favor! Será possível que você nunca consegue fazer as coisas completas?
-Já to fechando... precisa disso tudo?
-Se não precisa? COMO 'SE NÃO PRECISA'?
-shi, to indo nessa... não vou brigar essa hora
-Acho melhor você ficar, preciso falar! Anda, senta!
(ela se escora no braço do sofá)
-Eu não aguento mais você, melhor a gente terminar...
-Não aguenta? hm, certo! to indo nessa!
-Ué, isso não te incomoda? Você ta bem sem mim?
-é que faz tanto tempo que eu tenho que perdoar teus erros, teus furos, tuas mancadas, e que sempre que eu me irrito você diz que é ciúme e posse,sei lá... melhor eu ir mesmo!
-já que você está tão bem assim, vou te dizer o que eu tava evitando contar, pelo menos minha consciência não fica mais pesada: eu te trai e não foi só uma vez, e não foi só beijo, eu transei com ela, eu adorei transar com ela, ela é muito melhor que você!
-hm, sexo bom sempre é fácil de encontrar mesmo. Pena que não era isso que eu procurava, se fosse a gente nem tinha começado o namoro...

[ela pegou seu casaco, saiu sem dizer mais nada e ele ficou parado esperando ela sair para começar a chorar ]

domingo, 15 de abril de 2012

Tempo de recomeçar
Coração no seu lugar
Na cidade que não volta

Hoje eu vi pelo mar
Naveguei sem volta
Mas passei pra falar
Que eu não vi resposta ♫
desgostar do gosto
desamar o amor
esquecer o inesquecível

seguir.

domingo, 8 de abril de 2012

Um reumatismo temporal
Que não me deixa mais olhar pra trás
Sem me virar inteiro
Mas nem me oscilam ondas no retrovisor
Por mais um metro nesses trilhos rumo ao impossível
De que adianta a entropia
Se o trem não improvisa, amor? ♫

Louis não fui suficiente.

sonhei com a gente : eu colocando louis amstrong para te acordar, cê não acordava e então eu sentava em cima de você e te dava um monte de beijos.
DAI VOCÊ ACORDAVA SORRINDO AS PAMPAS.
Os dias vão me mostrando o que sei
Mas não quero acreditar
Não tenho sentimentos nem hora
Agora nada mais importa
Se nada me acalmar
Nada mais vai importar ♫
te amando como amo acordar no domingo tão cedo, ouvir uma música tão boa, depois de assistir um filme tão belo e sentir o teu amor comigo sempre.
Escreva num quadro em palavras gigantes : "Pérola Negra, te amo, te amo"
Tente me amar, pois estou te amando...

sábado, 7 de abril de 2012

nosso egoísmo

o meu não te entende
o teu não me espera

o meu sozinho se sente
o teu não aguenta a primavera

o meu quer deitar
o teu quer correr
o meu quer dançar
o teu quer morrer

meu egoísmo olha para mim
teu egoísmo olha para ela

meu egoísmo não consegue respirar
teu egoísmo tem bom e puro ar

meu egoísmo lembra de ti
teu egoísmo me esquece
É, pode ser que a maré não vire
Pode ser do vento vir contra o cais
E se já não sinto teus sinais
Pode ser da vida acostumar

Será, Morena?
Sobre estar só, eu sei
Nos mares por onde andei
Devagar
Dedicou-se mais
O acaso a se esconder
E agora o amanhã, cadê? ♫

não pode

posso? / demora um pouco, mas posso? / posso te falar uma coisa? / posso ajudar? /posso fazer um teste? /posso te contar?/ não posso faltar?/ mas posso dizer? / posso mesmo? / posso perguntar? / posso ir? / posso te cheirar? / posso te ver? /

leite-pudim-reclamação

Reclamo, reclamo e questiono tudo que me parece estranho.
De tanto fazer isso chego a um nível de tolice surpreendente capaz de fazer as pessoas me acharem uma chata de 2 galochas.
Se coloco amor demais e me sobra amor de menos? reclamo dando mais amor.
Se tem coisas para os outros e não tem para mim? questiono o porquê, se é simples perseguição ou se não mereço devidas considerações.
Questiono os críticos de cinema quando dizem que tal filme que gostei não parece adequado para lista de filmes bons.
Tem até os que me chamam de velha de 22 anos... não me orgulho, nem fico triste.tanto faz.
Não faço por birra, só não consigo calar diante de qualquer coisa que incomode. Se tal lenda africana sobre cada pessoa morrer depois que acaba seu estoque de palavras ou eu já estou perto da morte ou meu estoque é grande p/caramba.
E se for a primeira opção? porque mereço tão poucas palavras? ainda não terminei de dizer o que quero e tenho certeza que mais coisas surgirão!
Reclamo e reclamo mesmo, não estou nem vendo!
Essa manhã reclamei à minha vó, porque ela iria fazer um pudim para as amigas velhinhas da igreja. Ué, eu mereço um pudim também! Questionei em seguida por que eu não tinha direito a um agrado culinário. Logo depois minha mãe disse que vovó estava fazendo um pudim para mim também...rs
Tão vendo como reclamar resolve?

o carlos Erasmo

Quem inventou o amor
Por certo já sabia
Que quanto mais a gente amasse
Mais sofreria

E agora a solidão
E a dor do amor bandido
A praga da razão
A morte do juízo

Amor-ticídio ♫

morrissey-ônibus-política-angra

Ela rabiscou todo o meu manifesto comunista.
De impactante os comentários no livro não tinham nada, mas me encho de orgulho do meu livro ter sido tocado por aquelas mãos pequenas, e ter recebido tais rabiscos.
Sempre rio quando vejo e lembro de como ela falava do Marx, concordava-discordando do Engels e quase colocava por terra abaixo todas as minhas aulas de ciências sociais.
Seu all star vermelho que ficava tão bonito naqueles pezinhos pequenos sempre saltitantes por onde andavam, até quando algum cara burro a deixava muito triste.
Eu adorava o vermelho dos seus sapatos, assim como ela adorava escolher suas coisas pelo fato de terem a cor vermelha.
Eu não conhecia ninguém que usasse sapatos vermelhos, e se todas as mulheres do mundo resolvessem por um par os únicos que ainda chamariam minha atenção seriam os dela.
Dei de presente a ela um livro que falava de política que ela tanto gostava, mas dizia ter preguiça de estudar com afinco. Um livro para que fosse símbolo de alguma coisa que, pelo menos eu, não sabia explicar.
A gente se fazia sorrir.
Eu um dia a questionei quando ela escreveria sobre mim. Tudo que conseguiu escrever foi "Se ele não tivesse comigo no ônibus agora certamente eu estaria dormindo na viagem". Não vi nada romântico nisso, ela discordou, como sempre discordava.
Eu tenho precisado muito dela, e tudo tem gosto de passado, talvez ela não se importe com o que esteja acontecendo, mas eu prefiro acreditar que ela se mantêm longe para não me machucar. É impossível ela ficar e não me machucar, não por ela... mas pelo o que eu senti.


O amor, né? aquele que só cabe na medida de um. No outro ou fica sobrando ou faltando.
Ano retrasado eu morri, mas esse ano eu não morro!

quinta-feira, 5 de abril de 2012

[La vida secreta de las palabras]


"Havia uma enfermeira muito jovem e muito bonita que se chamava Cora. E tinha um rapaz de 15 anos que teria o apêndice operado. Ele tinha muita vergonha porque ela tinha que dar banho nele, fazer a barba, cuidar... Quando ela está no quarto, ele não consegue nem falar. Ela não o leva a sério, pensa que é só uma criança, o trata como um bebê. Eventualmente há complicações: infecção, febre alta... O rapaz fica muito fraco e está morrendo, e Cora senta-se ao seu lado, conversa com ele e canta pra ele e não adianta de nada, está morrendo e ela se aproxima dele e diz 'não me abandone, não me abandone, não me abandone'. O rapaz morre com o nome de Cora nos lábios e ela descobre que o amava."
é nada

quarta-feira, 4 de abril de 2012

Um dia comecei a escrever sem saber que me acorrentara por toda a vida a um senhor nobre, porém implacável. Quando deus lhe da um dom, ele também lhe da um chicote; e o chicote se destina apenas à autoflagelação. Eu estou aqui sozinho na escuridão da minha loucura,sozinho com meu cigarro -e,é claro o chicote que deus me deu. (Truman Capote)
Mora em mim
Que eu deixo as portas sempre abertas
Onde ninguém vai te atirar
As mãos vazias nem pedras

Eu acredito nas besteiras
Que eu leio no jornal
Eu acredito no meu lado
Português, sentimental
Eu acredito em paixão e moinhos lindos
Mas a minha vida sempre brinca comigo
De porre em porre, vai me desmentindo ♫

segunda-feira, 2 de abril de 2012


Toda vez que eu me apaixono-amo-sofro tenho a impressão que o azul, o amarelo, o vermelho, aquele tom de verde, o branco, o rosa estão em frascos de tinta diferente, e que a cor preta está escondida nos frascos coloridos.
O amor vai sendo pintado com todas as cores, achando eu que são cores diversas, mas estou tão empolgada e feliz olhando para o amor que me inspira a pintar que não vejo que estou pintando tudo errado.
O amor errado ou a cor errada ou o jeito de pintar?
É que agora parece ter tão pouca lágrima no estoque dos olhos, e eu me sinto como se tentasse com insistência secar uma toalha molhada com as mãos. Pura teimosia.
Mas acontece que embora pareça existir poucas lágrimas ainda mora muita dor...

É como se elas se transformassem em pedras de gelo que se fixaram ao redor do meu coração, sufocando-o e o impedindo de bater 'vivo' como sempre-a-vida-toda bateu, mesmo diante de recomeços.

A dor me cabe no corpo como minhas roupas, como aquele vestido azul que um dia você contemplou no mesmo corpo que te acolheu... A dor me abraça como o cadarço do meu all star vermelho abraça meus pés, ou como meus sapatos já usados que se acostumaram com o meu número 36.
Dor, nada de novo... nada mais!

domingo, 1 de abril de 2012

Silêncio.

Não existe poesia mais tocante que o silêncio de um coração que ama.
Se o poeta é de coração ferido,
no peito faz-se a obra mais perfeita.
Diz-se o que nunca foi dito.
E nas folhas finas de uma alma abatida,
o peito-poeta deita as letras lentamente em suas linhas.
Numa calma e perícia de quem aprendeu lidar muito mais com a morte de cada dia,
que com as ilusões da vida.
A obra mais perfeita é a obra muda.
É a obra que não se manifesta em palavras.
É a obra calada que brada e chega a alcançar os calcanhares de Deus,
que por misericórdia de um poeta, inclina os ouvidos e a recebe.
Encontra na essência da obra, em meio a mágoas, dores, temores e lágrimas,
a si mesmo.
A poesia do peito é um clamor por salvação.


Silêncio.

[Rodrigo Souza]
eu fiz de tudo pra você perceber que era eu...