quarta-feira, 28 de dezembro de 2011

Chamei você
Mas você não veio
Eu entendi que era normal
Nada pessoal
Ah se não fosse o amor








(e a força incrível do seu reator) ♪

Remissão

ah eu vim pra te dizer
não quero mais chorar
eu quero é redimir
as vezes é da boca pra fora
só dizer não importa
isso não é amor

e os dias que passamos afora
ainda estão na memória
que ainda não se apagou

e as noites que sonhamos afora
ainda estão na memória
que ainda não se apagou

[Luneta Mágica]

Tempo rei

Não me iludo
Tudo permanecerá
Do jeito que tem sido
Transcorrendo
Transformando
Tempo e espaço navegando
Todos os sentidos...

Pães de Açúcar
Corcovados
Fustigados pela chuva
E pelo eterno vento...

Água mole
Pedra dura
Tanto bate
Que não restará
Nem pensamento...

Tempo Rei!
Oh Tempo Rei!
Oh Tempo Rei!
Transformai
As velhas formas do viver
Ensinai-me
Oh Pai!
O que eu, ainda não sei

Mãe Senhora do Perpétuo
Socorrei!...
Pensamento!
Mesmo o fundamento
Singular do ser humano
De um momento, para o outro
Poderá não mais fundar

Nem gregos, nem baianos...
Mães zelosas
Pais corujas
Vejam como as águas
De repente ficam sujas...

Não se iludam
Não me iludo
Tudo agora mesmo
Pode estar por um segundo...

Tempo Rei!
Oh Tempo Rei!
Oh Tempo Rei!
Transformai
As velhas formas do viver
Ensinai-me
Oh Pai!
O que eu, ainda não sei
Mãe Senhora do Perpétuo
Socorrei!...(2x)

[Gilberto Gil]

terça-feira, 27 de dezembro de 2011


Sometimes I can't believe it
I'm moving past the feeling ♪

repetia-se incansavelmente nos seus ouvidos, sem irritá-la, sem causar nada além de uma sensação eterna de paz.

[Meant nothing at all?
It meant nothing at all,
It meant nothing ]

ele estava triste

- Do amor sempre recebo portas bem lacradas.Os corações pelos quais me interesso: sempre envolvidos por plástico-bolha. E o meu, pobre coitado, já roto de tanto tentar, já doido, doído, todo roxo de tantos tapas-não que recebe, que recebo. E eu, que só queria um amor de manhã bem cedo... Cato, cato, cato, e só encontro negações sem justificativas. Rogo aos céus. É. Digo com Camelo: Eu tinha algum amor / Eu era bem melhor / Mas tudo deu um nó / E a vida se perdeu / (...) hoje a fé me abandonou ... Perdão, Incriado, mas sozinho perco o tino... É que sou so so, also sou, I saw....

[Do Paulo Calvet]

domingo, 25 de dezembro de 2011

hoje é domingo porque ontem é sábado

sexta-feira, 16 de dezembro de 2011

O luto de um coração delicado

Quando chegou o novo dia e a terra cheirava a molhada resolveu mudar as coisas.
Achou que tudo aquilo se acabaria após um banho frio na cabeça, um chá de passiflora, e um blues de fundo.
O corpo queria pular da cama, mas o coração não deixava e insistentemente dizia "eu não posso, não consigo". E o corpo cedia por dias ficando ali extasiado.
A vontade de comer tinha passado, os calmantes não davam jeito, e o sono só aparecia quando queria.
Era intensa até na hora de sofrer e o pobre do coração que sofria mais. Sofria por ter tentado, se arriscado, sofria por ter se lançado para tentar salvar a quem amava e por instantes via que não tinha conseguido o ideal: se salvar.
De vez em quando o coração tinha espasmos e dizia que tava bem, que isso foi apenas mais uma teimosia. Mas quando passava mais de 2 horas consciente lentamente ia caindo por onde estivesse, sem se importar se as pessoas iam se assustar de vê-lo ali caido e violentado. E o corpo com paciência o pegava no colo e dizia: "vamos, campeão! não se entregue."
A maior luta do coração era pensar, (sim, esse coração pensava... nos outros)abster-se de vontades, de descontrole. Então tentava a sorte em roletas russas, e não é que o danado até da morte ganhava, mas não ganhava do que parecia mais fraco: a ilusão.
O futuro ninguém tinha previsão, pois embora o corpo acreditasse que aquele pequeno levantaria as vezes duvidava também e o deixava perceber... E as coisas corriam todas por entre os dedos sem que desse tempo de por a mão embaixo pra tentar salvar.

Sobre o coração, eu dona deste blog, não o entendo, não aceito tanto mal estar. A vida é bela, e tem tantos corações querendo abraçar o tal delicado.
Mas ele só consegue me olhar e dizer "você não sabe a dor que é ser como eu sou".
Eu sorrio, sonho com ele feliz, e escrevo sobre. Mas não me divirto com a dor, afinal...
sobre quando se vai dormir cedo, para não aproveitar as dores da noite e acorda-se logo provando o amargo da madrugada...

quinta-feira, 15 de dezembro de 2011

O Triunfo

O relógio bate 9 horas. Uma pancada alta, sonora, seguida de uma badalada suave, um eco. Depois, o silêncio. A clara mancha de sol se estende aos poucos pela relva do jardim. Vem subindo pelo muro vermelho da casa, fazendo brilhar a trepadeira em mil luzes de orvalho. Encontra uma abertura, a janela. Penetra. E apodera-se de repente do aposento, burlando a vigilância da cortina leve.


Luísa continua imóvel, estendida sobre os lençóis revoltos, os cabelos espalhados no travesseiro. Um braço cá, outro lá, crucificada pela lassidão. O calor do sol e sua claridade enchem o quarto. Luísa pestaneja. Franze as sobrancelhas. Faz um trejeito com a boca. Abre os olhos, finalmente, e deixa-os parados no teto. Aos poucos o dia vai-lhe entrando pelo corpo. Ouve um ruído de folhas secas pisadas. Passos longínquos, miúdos e apressados. Uma criança corre na estrada, pensa. De novo, o silêncio. Diverte-se um momento escutando-o. É absoluto, como de morte. Naturalmente porque a casa é retirada, bem isolada. Mas... e aqueles ruídos familiares de toda manhã? Um soar de passos, risadas, tilintar de louças que anunciam o nascimento do dia em sua casa? Lentamente vem-lhe à cabeça a idéia de que sabe a razão do silêncio. Afasta-a, contudo, com obstinação.


De repente seus olhos crescem. Luísa acha-se sentada na cama, com um estremecimento por todo o corpo. Olha com os olhos, com a cabeça, com todos os nervos, a outra cama do aposento. Está vazia.
Levanta o travesseiro verticalmente, encosta-se a ele, a cabeça inclinada, os olhos cerrados.
É verdade, então. Rememora a tarde anterior e a noite, a atormentada e longa noite que se seguira e se prolongara até a madrugada. Ele foi embora, ontem à tarde. Levou consigo as malas, as malas que há duas semanas apenas tinham vindo festivas com letreiros de Paris, Milão. Levou também o criado que vivera com eles. O silêncio da casa estava explicado. Ela estava só, desde a sua partida. Tinham brigado. Ela, calada, defronte dele. Ele, o intelectual fino e superior, vociferando, acusando-a, apontando-a com o dedo. E aquela sensação já experimentada das outras vezes em que brigavam: se ele for embora, eu morro, eu morro. Ouvia ainda suas palavras.
“-Você, você me prende, me aniquila! Guarde seu amor, dê-o a quem quiser, a quem não tiver o que fazer! Endente? Sim! Desde que a conheço nada mais produzo! Sinto-me acorrentado. Acorrentado a seus cuidados, a suas carícias, ao seu zelo excessivo, a você mesma! Abomino-a! Pense bem, abomino-a! Eu...”


Essas explosões eram freqüentes. Havia sempre a ameaça de sua partida. Luísa, a essa palavra, se transformava. Ela, tão cheia de dignidade, tão irônica e segura de si, suplicara-lhe que ficasse, com tal palidez e loucura no rosto, que das outras vezes ele acedera. E a felicidade invadia-a tão intensa e clara, que a recompensava do que nunca imaginava fosse uma humilhação, mas que ele lho fazia enxergar com argumentos irônicos, que ela nem ouvia. Dessa vez ele zangara, como das outras, quase sem motivo. Luísa interrompera-o, dizia ele, no momento em que uma nova idéia brotava luminosa, em seu cérebro. Cortara-lhe a inspiração no instante exato em que ela nascia, com uma frase tola sobre o tempo, e terminando com um detestável: “não é, querido?” Disse que precisava de condições próprias para produzir, para continuar seu romance, ceifado logo de início por uma incapacidade absoluta de se concentrar. Fora embora para onde encontrasse “o ambiente”.


E a casa ficara em silêncio. Ela parada no quarto, como se tivessem extraído de seu corpo toda a alma. Esperando, vê-lo surgir de volta, enquadrar-se na moldura da porta o seu vulto viril. Ouvi-lo-ia dizer, os largos ombros amados estremecendo num riso, que tudo não passava de uma brincadeira, de uma experiência para inserir numa página do livro.
Mas o silêncio se prolongara infinitamente, rasgado apenas pelo sussurro monótono da cigarra. A noite sem lua invadira aos poucos o aposento. A aragem fresca de junho fazia-a estremecer.


“Ele foi embora”, pensou. “Ele foi embora.” Nunca lhe parecera tão cheia de sentido essa expressão, embora a tivesse lido antes muitas vezes nos romances de amor. “Ele foi embora” não era tão simples. Arrastava consigo um vácuo imenso na cabeça e no peito. Se aí batessem, imaginava, soaria metálico. Como viveria agora? Perguntava-se subitamente, com uma calma exagerada, como se se tratasse de qualquer coisa neutra. Repetia, repetia sempre: e agora? Percorreu os olhos pelo quarto em trevas. Torceu o comutador, procurou a roupa, o livro de cabeceira, os vestígios dele; Nada ficara; Assustou-se. “Ele foi embora.”


Revolvera-se na cama horas e horas e o sono não viera. Pela madrugada, amolecida pela vigília e pela dor, os olhos ardentes, a cabeça pesada, caiu numa meia inconsciência. Nem a cabeça deisou de trabalhar, imagens, as mais loucas, chegavam-lhe à mente, apenas esboçadas e já fugidias.
Soam 11 horas, compridas e descansadas. Um pássaro dá um grito agudo. Tudo imobilizou-se desde ontem, pensa Luísa. Continua sentada na cama, estupidamente, sem saber o que faça. Fixa os olhos numa marinha, em cores frescas. Nunca vira água com tal impressão de liquidez e mobilidade. Nem nunca notara o quadro. De repente, como um dardo, ferindo agudo e profundo: “Ele foi embora.” Não, é mentira! Levanta-se. Com certeza ele zangou-se e foi dormir no aposento contíguo. Corre, empurra sua porta. Vazio.


Vai à mesa onde ele trabalhava, remexe febrilmente os jornais abandonados. Talvez tenha deixado algum bilhete, dizendo, por exemplo: “Apesar de tudo, eu te amo. Volto amanhã.” Não, hoje mesmo! Acha apenas uma folha de papel de seu bloco de notas. Vira-a. “Estou sentado há duas horas seguramente e não consegui ainda fixar a atenção. Mas, ao mesmo tempo, não a fixo em coisa alguma ao meu redor. Ela tem asas, mas em parte alguma pousa. Não consigo escrever. Não consigo escrever. Com estas palavras arranho uma chaga. Minha mediocridade está tão....” Luísa interrompe a leitura. O que ela sempre sentira, vagamente apenas: mediocridade. Fica absorta. E ele sabia-o, então? Que impressão de fraqueza, de pusilanimidade, naquele simples papel.... Jorge..., murmura debilmente. Quisera não ter lido aquela confissão. Apóia-se à parede. Silenciosamente chora. Chora até sentir-se lassa.


Vai até a pia e molha o rosto. Sensação de frescura, desafogo. Está despertando. Amina-se. Trança os cabelos, prende-os para cima. Esfrega o rosto com sabão, até sentir a pela esticada, brilhante. Olha-se no espeloho e parece uma colegial. Procura o batom, mas lembra-se a tempo de que não é mais necessário.
A sala de jantar estava às escuras, úmida e abafada. Abre as janelas de uma vez. E a claridade penetra num ímpeto. O ar novo entra rápido, toca em tudo, acena a cortina clara. Parece que até o relógio bate mais vigorosamente. Luísa queda-se ligeiramente surpresa. Há tanto encanto nesse aposento alegre. Nessas coisas de súbito aclaradas e revivescidas. Inclina-se pela janela. Na sombra dessas árvores em alameda, terminando lá ao longe na estrada vermelha de barro.... Na verdade nada disso notara. Sempre vivera ali com ele. Ele era tudo. Só ele existia. Ele tinha ido embora. E as coisas não estavam de todo destituídas de encanto. Tinham vida própria. Luísa passou a mão pela testa, queria afastar os pensamentos. Com ele aprendera a tortura (sic) as idéias, aprofundando-as nas menores partículas.


Preparou café e tomou-o. E como nada tivesse para fazer e temesse pensa, pegou umas peças de roupa estendidas para a lavagem e foi para o fundo do quintal, onde havia um grande tanque. Arregaçou as mangas e as calças do pijama e começou a esfregá-las com sabão. Assim inclinada, movendo os braços com veemência, o lábio inferior mordido no esforço, o sangue pulsando-lhe forte no corpo, surpreendeu a si mesma. Parou, desfranziu a testa e ficou olhando para frente. Ela, tão espritualizada pela companhia daquele homem.... Pareceu-lhe ouvir seu riso irônico, citando Schopenhauer, Platão, que pensaram e pensaram... Uma brisa doce arrepiou-lhe os fiozinhos da nuca, secou-lhe a espuma nos dedos.


Luísa terminou a tarefa. Recendia toda ao cheiro áspero e simples do sabão. O trabalho fizera-lhe calor. Olhou a torneira grande, jorrando água límpida. Sentia um calor.... Subitamente surgiu-lhe uma idéia. Tirou a roupa, abriu a torneira até o fim, e a água gelada correu-lhe pelo corpo, arrancando-lhe um grito de frio. Aquele banho improvisado fazia-a rir de prazer. De sua banheira abrangia uma vista maravilhosa, sob um sol já ardente. Um momento ficou séria, imóvel. O romance inacabado, a confissão achada. Ficou absorta, uma ruga na testa e no canto dos lábios. A confissão. Mas a água escorria gelada sobre seu corpo e reclamava ruidosamente sua atenção. Um calor bom já circulava em suas veias. De repente, teve um sorriso, um pensamento. Ele voltaria. Ele voltaria. Olhou em torno de si a manhã perfeita, respirando profundamente e sentindo, quase com orgulho, o coração bater cadenciado e cheio de vida. Um morno raio de sol envolveu-a. Riu. Ele voltaria, porque ela era a mais forte. [a Lispector]

quarta-feira, 7 de dezembro de 2011

Fim

Pareço uma criança, sempre tenho milhões de perguntas para fazer e os 'adultos' sempre só respondem com 'porque sim' ou com 'porque não'.
O certo é que essas pessoas todas iguais me cansam. Até de mim eu estou cansada.
Fujo de uma covardia e logo me aparece outra formando um par.
A chata aqui assume o papel de insistente em suas perguntas-neuras e as pessoas não respondem porque tem medo de magoar "tadinha, já se fudeu tanto, né? deixa que perceba que eu não aturo mais trocar um dedo de prosa com ela".
Ai eu continuo lá sem saber ao certo se é pra estar, mas com uma desconfiança enorme de que estou sim perturbando todo mundo. Um dia eu crio vergonha na cara e procuro um psicologo pra me tratar.

Logo lembro de um dia, sabe-se la em qual época da minha vida... recebi um presente que não era só meu, mas feito pra dividir com quem se mostrasse interessado.
Não vou mentir, eu adorei aquela embalagem que tinha laço vermelho e era colorida, mas fiquei deveras confusa se aquilo servia pra mim, mesmo sem antes abri-lo.
Então, eu que havia acabado de ganhar uma câmera daquelas descartáveis love, da minha avó (depois descobri que ela não funcionava mais)sentei em frente de casa, que dava de frente pra outra casa e que tinha uma rua no meio.
Fiquei ali com o meu presente intacto e a minha câmera olhando atentamente para tudo e flertava de vez em quando com a caixa colorida.
Ninguém me perguntava o que tinha ali, mas a minha vontade era que me questionassem e eu respondesse: "Ainda não sei, mas como falaram que era um presente pra eu dividir com alguém que mesmo assim nunca ia acabar, eu decidi esperar alguém que quisesse descobrir comigo!"
E lá fiquei... as coisas mudaram, os vizinhos da frente também, ninguém mais jogava bola na rua, meus cabelos enrolaram, eu cresci, saí da escola, entrei na faculdade, mas a caixa continuava ali, só eu e ela já que a câmera desapareceu.
Não foi só eu quem mudou, a caixa agora apresentava outro formato, outra cor... uma caixa de coração com um vermelho vivo que me enchia de orgulho por ser tão bonito.
Diversas vezes eu procurei algumas pessoas para abrirem aquele presente comigo, sempre achei que não teria graça descobri-lo sozinha. Mas elas sempre se esquivavam, ficavam enlouquecidas com a ideia da responsabilidade que teriam depois de abrirem aquela caixa.
E os meus questionamentos? só aumentavam.
Foi então que eu encontrei um moço que me pareceu bastante interessado em abrir a caixa. E assim deixei-o vê-la, mas aquele olhar tinha mais cobiça que ternura. Então quando ele segurou as duas pontas da fita para rapidamente pegar o que tinha dentro da caixa e correr eu empurrei-o e ele caiu bem longe do meu coração.
Fiquei tão desapontada e resolvi ter mais cuidado. Ninguém que parecesse 100% confiável se quer abriria a minha caixa.
Saia de casa e não a levava, mas sempre que voltava eu me perguntava "quando será vou poder te usar".
Até que um dia um moço bem portado me encheu de galanteios e resolvi levar a caixa a seu encontro. O seu jeito era diferente, encantador.
Me abraçou bem forte, me deu um beijo seguro e disse que me amava.
E eu senti a segurança que tanto quis, mas ele quando abriu a caixa ficou com tanto medo do que tinha sido guardado que desistiu de mim.
Foi então que eu joguei aquela porra no lixo.

sábado, 3 de dezembro de 2011

Do muito amor que se tinha a decepção conseguiu ser maior do que aquele sentimento que a fazia tremer, sonhar, querer, cuidar, suspirar e cobrar. Cobrar sim! Só é amor se houver encaixe, doação igual, paz!
E se não existia era melhor que ele fosse embora mesmo.
Mas uma vez levou uma rasteira, se enganou e não sabia até quando isso ia acontecer.
Na noite em que os cacos de vidro levemente brincavam em seus pulsos ela sentia repulsa, sentia raiva por ter perdido tempo de novo e não ter aprendido nada.
A única coisa que conseguiu foi realmente se cortar com precisão, mas errou a veia certa então limpou a sujeira e resolveu sair e brincar de foder com o sentimento dos outros.

Quem vai ser o primeiro?

quinta-feira, 1 de dezembro de 2011

A depressão é uma puta e hoje eu tenho dinheiro.

Minha vontade era lhe dar um 'boa noite' seco, vesti-lhe a meia que por mania usava antes de dormir, beija-lhe a testa e calar, sim calar a minha boca estúpida pra sempre.
Ao vê-lo chorar no pé da cama não senti pena, nunca consegui sentir pena. E se tivesse sentido alguma vez eu teria ido embora.
Aquela maldita sempre vinha quando eu também estava triste. O envolvia de uma maneira que meus braços nunca conseguiram fazer, suas mãos rapidamente se engatavam naquele peito pouco cabeludo e rapidamente ele sentia o desconforto, sentia o 'está faltando alguma coisa'. Ela beijava-o tirando o sorriso dele, ela sempre queria tortura-lo.
Mas eu... só consegui chorar, chorar e odiar aquela puta que faz ele esquecer da gente, dos nossos banhos, dos nossos carinhos, das nossas noites de sexo quente, de como eu o beijo, do meu sorriso ao vê-lo chegar. Ela nunca deixa ele pensar na gente.
Quando ela aparecia nada disso estava presente, ao tocar-lhe os lábios ela deixava um gosto, que parecia eterno, de insatisfação naquela boca tão linda que ele tem. E os olhos verdes dele rapidamente viravam chamas.
Embora eu suplicasse por dentro pra ele não esquecer de pensar na gente a puta fazia ele lembrar somente de uma coisa: do espelho dele.
Mesmo que a minha vontade fosse somente calar a boca eu não calei e mansamente sussurrei em seus ouvidos:
"o nosso amor é mais importante que ela!"

Foi então que ele sorriu daquele jeito que sempre que o faz eu me apaixono mais, me abraçou forte e não me largou.

Então quando ela viu desapareceu tão rápido que eu nem sei se existiu.