domingo, 1 de abril de 2012

Silêncio.

Não existe poesia mais tocante que o silêncio de um coração que ama.
Se o poeta é de coração ferido,
no peito faz-se a obra mais perfeita.
Diz-se o que nunca foi dito.
E nas folhas finas de uma alma abatida,
o peito-poeta deita as letras lentamente em suas linhas.
Numa calma e perícia de quem aprendeu lidar muito mais com a morte de cada dia,
que com as ilusões da vida.
A obra mais perfeita é a obra muda.
É a obra que não se manifesta em palavras.
É a obra calada que brada e chega a alcançar os calcanhares de Deus,
que por misericórdia de um poeta, inclina os ouvidos e a recebe.
Encontra na essência da obra, em meio a mágoas, dores, temores e lágrimas,
a si mesmo.
A poesia do peito é um clamor por salvação.


Silêncio.

[Rodrigo Souza]

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