quinta-feira, 31 de maio de 2012

‎Saber que tu não virás nunca encher de rosas o meu quarto,
encher de beleza a minha vida...
e continuar a espera de tua graça dolente e sobrenatural.
continuar a espera de mãos vazias...
Saber que não partirás o meu pão, que não beberemos juntos, ao jantar, um pouco daquele amavel e grato vinho velho,
que não acenderas a minha lampada, que o piano não possuirá os teus dedos...
Saber tudo isso, o impossivel e o irremediavel de tudo isso... e continuar sonhando inultimente.
Ah! por que não virás encher de rosas o meu quarto?
ao menos, vem encher-me de lágrimas os olhos

[o Drummond]

acrilic on canvas



É saudade, então
E mais uma vez
De você fiz o desenho mais perfeito que se fez
Os traços copiei do que não aconteceu
As cores que escolhi entre as tintas que inventei
Misturei com a promessa que nós dois nunca fizemos
De um dia sermos três
Trabalhei você em luz e sombra

E era sempre, "Não foi por mal
Eu juro que nunca quis deixar você tão triste"
Sempre as mesmas desculpas
E desculpas nem sempre são sinceras
Quase nunca são

Preparei a minha tela
Com pedaços de lençóis que não chegamos a sujar
A armação fiz com madeira
Da janela do seu quarto
Do portão da sua casa
Fiz paleta e cavalete
E com lágrimas que não brincaram com você
Destilei óleo de linhaça
Da sua cama arranquei pedaços
Que talhei em estiletes de tamanhos diferentes
E fiz, então, pincéis com seus cabelos
Fiz carvão do baton que roubei de você
E com ele marquei dois pontos de fuga
E rabisquei meu horizonte

E era sempre, Não foi por mal
Eu juro que não foi por mal
Eu não queria machucar você
Prometo que isso nunca vai acontecer mais uma vez

E era sempre, sempre o mesmo novamente
A mesma traição

Às vezes é difícil esquecer:
"Sinto muito, ela não mora mais aqui"
Mas então, por que eu finjo
Que acredito no que invento?
Nada disso aconteceu assim
Não foi desse jeito
Ninguém sofreu
É só você que me provoca essa saudade vazia
Tentando pintar essas flores com o nome
De "amor-perfeito"
E "não-te-esqueças-de-mim" ♫

[desenho de Ca.Paz]

terça-feira, 29 de maio de 2012

-Tenho tanta raiva dos pombos que ficam andando.
-Por que?
-Ah, eles têm asas... tanta gente queria voar, eu queria voar e não posso e eles ficam andando!
-Oras, mas eles cansam. Quando tu cansas de andar tu não senta? então... Tanta coisa pra tu te incomodar, e tu te incomodando com os pombos que estão andando?

(mesmo depois da chamada da mãe ela continuava espantando quando via algum pombo andando)

sábado, 19 de maio de 2012

o amor foi ao parque de diversões.

fui te buscar no meu chapéu mexicano.
rodopiei no ar com as mãos soltas
até alcançar as tuas que estavam levantadas
enquanto tu descias a montanha russa.
seguraste as minhas mãos e nos transformamos
em um pirulicoptero.
fomos levados pelo vento como se fossemos dois pássaros.
antes de chegarmos no chão rolamos na cama elástica
rolamos e pulamos, e rimos e com rimas NUS amamos.
atrasando o fim da nossa ida ao parque de diversões
resolvemos entrar no castelo e brincar
eu era a princesa, você era o mordomo
você, como mordomo, brincava de servir minhas coxas com beijos
eu, como princesa, obrigava você a obedecer os desejos do meu coração.
vivíamos em um reino bonito onde havia tanto amor.
quando saímos do castelo os cavalos esperavam a gente no carrossel.
enquanto girávamos com eles o mundo brincava de dançar
e quem escolhia a música eramos nós.
o tal mundo nem reclamava, acho que tínhamos um gosto bom para música.
quando deu fome paramos na xícara maluca para tomar suco de melancia.
era uma xícara maluca mesmo.
rodar com você não dava nenhuma dor de cabeça.
descer dos brinquedos dava.
no kamikaze não aguentamos por muito tempo, fomos enjoando
e você não mais aguentando. paramos.
você não quis mais me acompanhar. saiu do parque sem nem dizer tchau.
eu subi na roda gigante e la fiquei ansiosa a hora dela chegar em cima e eu alcançar o céu com as mãos que agora estavam vazias.

terça-feira, 15 de maio de 2012

insônia, prazer amor.

fui sendo atacada pelo sono e resistindo bravamente.
como eu fazia na hora da masturbação,
como eu fazia na hora que o amor estava querendo chegar.

domingo, 13 de maio de 2012

ele entrou eu já tava dentro. nos olhamos, passei a língua nos meus lábios, ele mordeu os dele. estavamos inquietos, os olhos passeavam por todo aquele finito espaço de metal, todo detalhe era percebido, toda vontade era cuspida pelos poros. Nenhum dos dois tinha coragem pra falar, mudos ficaram, porque nada precisou ser dito.

quinta-feira, 10 de maio de 2012

mestre Yoda e eu

Hoje eu brinquei que tinha um amor

Só hoje eu brinquei

De ter um amor eu

Brinquei hoje

Só hoje, mas acho que amanhã também brincarei

domingo, 6 de maio de 2012

AMORGH de novo

depois dela cumprimentar alguém que passou pela mesa , ele pergunta:
-Como é mesmo o nome desse cara?
e ela, com um sorriso bobo responde:
-Não sei, não sei o nome de ninguém. Só o nosso!

sexta-feira, 4 de maio de 2012

brincar de morrer

quinta-feira, 3 de maio de 2012

não ame, não morra. ame e morra.

Ah o amor
Ah, o amor!
Ahmor?
hA, amor!
Ah, mor...
AhmorRa