quarta-feira, 7 de dezembro de 2011

Fim

Pareço uma criança, sempre tenho milhões de perguntas para fazer e os 'adultos' sempre só respondem com 'porque sim' ou com 'porque não'.
O certo é que essas pessoas todas iguais me cansam. Até de mim eu estou cansada.
Fujo de uma covardia e logo me aparece outra formando um par.
A chata aqui assume o papel de insistente em suas perguntas-neuras e as pessoas não respondem porque tem medo de magoar "tadinha, já se fudeu tanto, né? deixa que perceba que eu não aturo mais trocar um dedo de prosa com ela".
Ai eu continuo lá sem saber ao certo se é pra estar, mas com uma desconfiança enorme de que estou sim perturbando todo mundo. Um dia eu crio vergonha na cara e procuro um psicologo pra me tratar.

Logo lembro de um dia, sabe-se la em qual época da minha vida... recebi um presente que não era só meu, mas feito pra dividir com quem se mostrasse interessado.
Não vou mentir, eu adorei aquela embalagem que tinha laço vermelho e era colorida, mas fiquei deveras confusa se aquilo servia pra mim, mesmo sem antes abri-lo.
Então, eu que havia acabado de ganhar uma câmera daquelas descartáveis love, da minha avó (depois descobri que ela não funcionava mais)sentei em frente de casa, que dava de frente pra outra casa e que tinha uma rua no meio.
Fiquei ali com o meu presente intacto e a minha câmera olhando atentamente para tudo e flertava de vez em quando com a caixa colorida.
Ninguém me perguntava o que tinha ali, mas a minha vontade era que me questionassem e eu respondesse: "Ainda não sei, mas como falaram que era um presente pra eu dividir com alguém que mesmo assim nunca ia acabar, eu decidi esperar alguém que quisesse descobrir comigo!"
E lá fiquei... as coisas mudaram, os vizinhos da frente também, ninguém mais jogava bola na rua, meus cabelos enrolaram, eu cresci, saí da escola, entrei na faculdade, mas a caixa continuava ali, só eu e ela já que a câmera desapareceu.
Não foi só eu quem mudou, a caixa agora apresentava outro formato, outra cor... uma caixa de coração com um vermelho vivo que me enchia de orgulho por ser tão bonito.
Diversas vezes eu procurei algumas pessoas para abrirem aquele presente comigo, sempre achei que não teria graça descobri-lo sozinha. Mas elas sempre se esquivavam, ficavam enlouquecidas com a ideia da responsabilidade que teriam depois de abrirem aquela caixa.
E os meus questionamentos? só aumentavam.
Foi então que eu encontrei um moço que me pareceu bastante interessado em abrir a caixa. E assim deixei-o vê-la, mas aquele olhar tinha mais cobiça que ternura. Então quando ele segurou as duas pontas da fita para rapidamente pegar o que tinha dentro da caixa e correr eu empurrei-o e ele caiu bem longe do meu coração.
Fiquei tão desapontada e resolvi ter mais cuidado. Ninguém que parecesse 100% confiável se quer abriria a minha caixa.
Saia de casa e não a levava, mas sempre que voltava eu me perguntava "quando será vou poder te usar".
Até que um dia um moço bem portado me encheu de galanteios e resolvi levar a caixa a seu encontro. O seu jeito era diferente, encantador.
Me abraçou bem forte, me deu um beijo seguro e disse que me amava.
E eu senti a segurança que tanto quis, mas ele quando abriu a caixa ficou com tanto medo do que tinha sido guardado que desistiu de mim.
Foi então que eu joguei aquela porra no lixo.

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