quarta-feira, 10 de agosto de 2011

Obedeceu Kafka e me escreveu como uma oração.

Em tempos atrás ela escreveu pra outro. Em tempos atrás ele escreveu pra outra.
Outros, a este papel o passado se bastava.
Ela já não precisava virar noites pra esquecer o sofrer escrevendo contos e prosas tristes e Ele ainda escrevia como se fizesse uma oração : lavava as mãos, perfumava a cabeça, arrumava as coisas na cama, na falta da escrivania ajoelhava-se no piso do quarto e apoiava o corpo no colchão, desligava as luzes, ligava a luz do coração e do abajur e começava a desenhar as grafias.
Sobre Ela o ritual era melhor preparado e fazia uma questão enorme de fazer o melhor desenho, o melhor contorno do seu corpo, dos olhos, do coração, tudo isso em formato de palavras.
Era fiel a prece, assim como era à Ela.
Era fiel a prece, a prece que agora se chamava Ela.
E ela que antes só escrevia contos tristes agora se sente inspirada só de pensar nele, se sente mais bela só em ver que aquele amor todo é correspondido, e se sente a melhor escritora só por estar escrevendo para Ele.

Ele, aquele que nunca vai inspira-la a escrever contos tristes.
Ele, aquele que tão bem é desenhado no coração dEla.

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